Hordéolo
O Hordéolo, também conhecido como “terçol” ou “terçolho” ou “bonitinho” é uma infecção aguda ou pequeno abcesso que ocorre no bordo das pálpebras, em geral, causada pela bactéria estafilococos. O Hordéolo pode aparecer isolado ou associado à Blefarite e à Acne.
De acordo com o acometimento anatômico da pálpebra, podemos ter o Hordéolo Externo e o Hordéolo Interno. O Hordéolo Externo é causado pela obstrução e infecção bacteriana do folículo ciliar e glândulas de Zeiss ou Moll adjacentes (glândulas da lamela palpebral anterior), enquanto o Hordéolo Interno é causado pela infecção das glândulas de Meibomius (glândulas da lamela palpebral posterior).
Os Hordéolos geralmente são dolorosos, com vermelhidão e edema da área afetada, gerando desconforto ao piscar e prurido palpebral. Estas infecções geralmente são localizadas e não são contagiosas.
Tratamento do Hordéolo
Os Hordéolos geralmente drenam a secreção ou evoluem espontaneamente entre uma e três semanas, mas o tratamento acelera a resolução do processo infeccioso.
- Compressas Mornas
A aplicação do calor local das compressas mornas tem ação antiinflamatória importante, devendo ser realizada 4 vezes ao dia durante 10 minutos até a melhora da inflamação.
- Pomada de Antibiótico e Corticóide
O uso de pomada de antibiótico com corticóide no hordéolo acelera a resolução da infecção e inflamação da glândula, devendo ser apenas utilizada sob prescrição médica. O uso crônico de antibiótico favorece a resistência bacteriana enquanto o uso crônico de corticóide pode causar glaucoma e catarata.
- Tratamento da Blefarite Associada
O tratamento contínuo da Blefarite associada é importante para evitar a obstrução de novas glândulas com formação de novos hordéolos, com descrito em detalhes na Sessão Doenças -Blefarite.
Mesmo após a resolução do Hordéolo, deve-se realizar diariamente as compressas mornas seguidas das massagens palpebrais e da limpeza do bordo palpebral com xampu neutro para evitar novas formações infecciosas.
- Tratamento de Hordéolos de Repetição
Os casos de Hordéolos recorrentes associados à Meibomite crônica são beneficiados com a prescrição do antibiótico de tetraciclina ou de seus derivados, por via oral, bem como também da suplementação de ômega 3 com óleo de linhaça e de peixe, devido às suas ações antiinflamatórias.
Após a resolução da fase infecciosa aguda, alguns Hordéolos Internos desaparecem, enquanto outros geram o Calázio, que corresponde à fase inflamatória crônica da glândula de Meibomius.
Calázio
Quando ocorre a obstrução de uma das glândulas de Meibomius, o extravazamento do material gorduroso da glândula para o tecido conjuntivo adjacente causa uma reação inflamatória local, não-infecciosa, com formação de um cisto granulomatoso, denominado de Calázio. Muitas vezes o Calázio se desenvolve após a fase infecciosa do Hordéolo.
O Calázio pode regredir espontaneamente ou tornar-se persistente, com períodos de inflamações e regressões da inflamação.
Tratamento do Calázio
- Compressas Mornas
A aplicação do calor local das compressas mornas tem ação antiinflamatória importante, devendo ser realizada 4 vezes ao dia, durante 10 minutos, em casos de Calázio com evidência de processo inflamatório.
Em alguns casos com evidência de muita inflamação, pode-se associar a pomada de antibiótico e corticóide, embora essa prescrição não seja feita rotineiramente para o tratamento do Calázio.
- Injeção de Corticóide
A injeção de corticóide dentro do calázio pode ser eficaz na resolução de Calázios pequenos que estão demorando de serem absorvidos espontaneamente pelo organismo.
- Remoção Cirúrgica
A remoção cirúrgica do Calázio é indicada para calázios que não foram absorvidos espontaneamente pelo organismo ou que não regrediram com a injeção de corticóide.
Complicações do Hordéolo
- Celulite Pré-Septal ou Peri-Orbitária
O Hordéolo geralmente apresenta uma infecção aguda, com o abcesso localizado na glândula acometida e leve edema perilesional.
No entanto, alguns casos, pode complicar quando as bactérias alcançam o tecido conjuntivo adjacente, causando a infecção das partes moles da porção anterior ao septo orbitário, chamada de Celulite Pré-Septal ou Peri-orbitária.
Na Celulite Pré-Septal ou Peri-orbitária, observam-se grande edema e vermelhidão nas pálpebras, com dificuldade em abrir os olhos devido ao inchaço palpebral, no entanto, a acuidade visual não é afetada, o movimento ocular está intacto e indolor e o globo ocular não foi empurrado para frente (não há proptose).
A complicação mais temida da Celulite Pré-Septal é que a infecção seja disseminada para a porção orbitária, causando a Celulite Septal ou Orbitária. O diagnóstico diferencial destas celulites é de extrema importância, pois a conduta terapêutica é bem diferente nestes dois casos.
Tratamento da Celulite Pré-Septal
O tratamento da Celulite Pré-Septal consiste da prescrição de antibiótico por via oral de amplo espectro para o controle do processo infeccioso. Dentre as opções terapêuticas destacam-se as cefalosporinas e a amoxacilina com clavulanato.
- Celulite Septal ou Orbitária
A Celulite Septal ou Orbitária é uma infecção muito grave, na qual a infecção bacteriana foi disseminada para os tecidos da órbita posteriores ao septo orbitário, podendo causar Abcessos Orbitários, Trombose do Seio Cavernoso e Meningite.
Na Celulite Septal ou Orbitária, observam-se grande edema e vermelhidão nas pálpebras, geralmente com diminuição da acuidade visual, redução da motilidade ocular, dor à movimentação ocular, com o globo ocular empurrado para frente (proptose), podendo haver sintomas de febre e calafrios.
Tratamento da Celulite Septal ou Orbitária
O tratamento da Celulite Septal consiste na internação hospitalar para prescrição de antibiótico por via endovenosa com doses similares às do tratamento da Meningite. As cefalosporinas venosas são uma boa opção terapêutica. Se a infeccção não responder bem aos antibióticos e houver risco de perda visual, suspeita de Corpo Estranho ou Abcesso Subperiosteal está indicada a cirurgia para descompressão da órbita.